As vezes esquecemos que a fotografia é uma apenas uma representação do real. Não importa se é jornalística, artística ou um retrato, será sempre uma representação da realidade particular do encontro com o fotógrafo. Entrando nesse mérito, devemos dizer que a vida é também feita de escuridão e, diferente da fotografia que, sem luz, geraria um quadro negro, – não existindo – a ausência de luz no mundo real nos impede apenas de obter as forma, porque tudo ainda “existe”.

 

A luz visível é uma energia que nos possibilita entender visualmente tudo a nossa volta, mas se fecharmos as pálpebras ainda é possível enxergar usando um outro tipo percepção, uma energia tão natural como qualquer outra.

 

O projeto é dividido em duas partes: a primeira são os pensamentos incontroláveis, a velocidade com que vão e vem, a inconstância dos sentimentos, os medos, a insônia, a solidão, depressão, ânsias, dúvidas. Nos prendemos em uma gaiola de pensamentos, transformando até paisagens em jaulas. A segunda parte mostra a tranquilidade, que inicia quando conversamos com nós mesmos com mais frequência e começamos a perceber e desenvolver a auto compaixão. Expandimos a luz, temos mais controle sob os sentimentos e entendemos a energia do pensamento e do coração.

 

Navegando entre corpos nus e paisagens construídas, as fotos foram produzidas em ambientes escuros iluminados por um minúsculo e concentrado ponto de luz. Este ponto ora simula uma mente inquieta, ora uma mente tranquila e serena. São imagens da verdade fictícia e dos desejos que desenvolvemos na escuridão. Aqui existe uma crítica sutil sobre o foco na evolução exterior e o esquecimento do interior. A falta que momentos de silêncio nos fazem.